segunda-feira, 5 de julho de 2010

Aproveitando a pausa....

Vamos falar sobre Dunga e Maradona. Os dois, comandantes de duas das seleções favoritas ao título que foram desclassificadas nas quartas, tiveram recepções extremamente diferentes em seus retornos. O primeiro, muito criticado e até xingado. O outro ovacionado pelos argentinos, com pedidos de sua permanência. Ora, se os dois eram favoritos e foram desclassificados, por que essa diferença?
 O retrospecto dos dois técnicos também é bastante diferente. Dunga venceu a Copa América de 2007, terceiro colocado nas Olimpíadas de 2008 (sendo eliminado pela Argentina), campeão da Copa das Confederações 2009 e primeiro colocado nas eliminatórias sulamericanas. Maradona não soma títulos afrente de sua seleção. O ídolo argentino assumiu a seleção que vivia um péssimo momento nas eliminatórias em 2008 e conseguiu a classificação em quarto lugar.
Como futebolitas também tiveram caminhos diferentes. Maradona é um dos maiores jogadores de todos os tempos. Era um meia-atacante canhoto de rara habilidade e praticamente carregou sua seleção ao título de 1986. Já Dunga era um volante, desses famosos 'brucutus', e que ficou marcado por dirigir palavras ofensivas aos brasileiros ao levantar a Copa do Mundo em 94.
Mas a diferença nas recepções não se devem a títulos ou a histórico como jogador. Se deve a pessoa do técnico, a relação com a mídia, a escalação e convocação de suas seleções, entre outros motivos.
Desde sua chegada a seleção brasileira, Dunga sofre com constantes críticas ao seu trabalho. Primeiro por ser um técnico de 'primeira viagem', nunca havia trabalhado com treinador. Depois por 'barrar' inicialmente os principais jogadores da seleção de Parreira, convocando nomes que ninguém entendeu porque, como Afonso Alves, Bobô, Jô. Agora na reta fina para a Copa, principalmente pelo seu mau relacionamento com a mídia e o 'confinamento' da seleção. Abdicou de levar Ronaldinho, Adriano, Ganso e Neymar para ser 'coerente', levando Kleberson e Grafite. Encheu o time de volantes e 'empobreceu' nosso futebol.
Maradona, que teve uma vida muito conturbada, marcada pelo consumo de drogas, mostrou que agora é uma pessoa melhor. Em suma, um verdadeiro 'gentleman'. Foi respeitoso a quem lhe deu respeito e soube lidar com quem tentou atingi-lo. Com os jogadores, mostrou ser muito mais que um técnico. Era amigo, pai, irmão e cedia-lhes vantagens, permitia churrasco, sexo, bebidas, tudo, é claro, moderadamente. E mesmo com uma defesa fraca, apostou em um time ofensivo. Pena para o futebol mundial que a sorte não esteve ao lado dos argentinos.
Com tantos motivos, fica fácil de se entender. As campanhas não foram nem de perto as esperadas, mas a postura foi diferente. Os argentinos ficaram contentes com o empenho e nós, brasileiros, revoltados com a vergonha ante a Holanda. Cabe esperar por 2014, aqui no Brasil, para sabermos quem se dará melhor.
Sem mais, 
Fernando Souza